Desde que o mundo é mundo, tudo de criativo e grandioso que vem de fora de uma classe dominante gera falatório, olho torto e, principalmente, inveja. Desde a criação das Piramides do Egito até a chegada do samba. Com o funk não seria diferente.
Rennan da Silva Santos, mais conhecido como Rennan da Penha, tem 25 anos e é o maior DJ da sua geração de funk que tem o 150 BPM como o ditador das novas regras artísticas do gênero. O 150, que renovou o funk carioca de forma avassaladora, colocou a cidade no mapa novamente. Revelou novos MCs e catapultou o DJ ao velho protagonismo que a profissão tinha no início da jornada do funk e também do hip hop.
DJ há mais de 10 anos, Rennan inúmeras vezes contou casos de seu início de carreira em alguns dos seus posts do instagram. Certa vez lembrou de uma época em que tocava em eventos minúsculos na favela ou abrindo shows de grupos de pagode, onde era regra ter que tocar de tudo. Ou da vez em que ele compartilhou o presente que ganhou do seu empresário: Um par de toca discos mk2. Para ele, era um sonho ganhar aquele equipamento. DJ de verdade tinha que saber tocar nos toca discos.
Falo isso tudo pra afirmar que: Assim como Alok, Rennan da Penha tem profissão. E além de ter profissão, ele é extremamente bem sucedido no que faz. Possui agenda cheia (mais de 60 bailes por mês), tem endereço fixo, carro e casa própria. E é um dos organizadores do maior baile funk da atualidade, que é o Baile da Gaiola. Só que Rennan tem uma qualidade que pra muitos é um clássico problema. Rennan vive pelas suas raízes.

Rennan não namora a atriz loira global, fato comum entre personalidades negras que ascendem socialmente. Rennan já poderia ter a sua mansão na barra, mas ainda prefere viver na penha. Rennan distribuiu na sua comunidade materiais escolares para centenas de crianças, como uma forma de retribuir tudo o que de bom tem acontecido na sua vida. Rennan é o tipo de preto que nenhum setor de elite gosta. É extremamente inteligente, sabe e valoriza suas origens, dá o papo reto pra quem tiver que ouvir, sabe como movimentar milhares de pessoas através da música e dialoga com qualquer tipo de pessoa.
Setores de comando do país não aturam um DJ criado em comunidade tendo relações afetivas com pessoas que, por um motivo ou outro, tomaram outros rumos na vida. Mas aceitam o presidente da república e sua família tendo relações claras e óbvias com milicianos e assassinos de aluguel. É o tipo de hipocrisia que não queremos cair e nem acreditar que é comum.
Rennan é daquelas forças da natureza que temos que proteger. Para que não se frustre e não volte a ser só mais um silva.