A noite do dia 04/06/2019, no Rio, estava propícia para um concerto de jazz. Na Cinelândia, por volta das 19:30, pessoas vindo de vários locais da cidade e também de outras cidades, chegavam a porta do Teatro Municipal, para assistir ao tão esperado show do pianista – cantor – compositor Robert Glasper, na sua formação “Electric Trio”, que contou com Burniss Travis no contrabaixo , Justin Tyson na bateria, e o Dj Jahi Sundance.
O público era bastante variado. Desde fãs aficionados pela obra de Glasper, passando por amantes do jazz em geral, pessoas que curtem o lado mas Neo Soul e Hip-hop da obra do Glasper, até senhores e senhoras que são “frequentadores do Teatro Municipal”, independente de qual seja a atração.
O início do show estava marcado para às 20:00 e quase pontualmente, por volta de 20:15, a banda estava no palco.
No show, uma energia realmente Jazzística, incrível. Uma banda que tocava próxima, instrumentos bem perto um do outro. Havia uma comunicação visual e sonora que se notava logo no início do show.
O público estava atento e ouvia cada nuance que a banda transmitia.
As introduções, Riffs e Improvisos avassaladores dos teclados e pianos elétricos de Robert Glasper, davam aos espectadores sensações e climas que se entrelaçavam entre sonoridades super urbanas e outras mais clássicas do Jazz Norte Americano. Uma mistura de timbres que faziam uma balança precisa entre momentos de clima e momentos de virtuose musical. A cada nova música, um novo clima que mudava também as cores monocromáticas do fundo do palco.
No show, Robert Glasper foi simpático e afetuoso com o público, porém falou pouco. As músicas iam, automaticamente, se entrelaçando uma a outra. Um show bem livre , que em alguns momentos tinham toques do estilo “Free Jazz” . Tudo se encaixava perfeitamente, porém de uma maneira muito leve e solta. Uma conversa entre o piano, o contrabaixo, o DJ e a bateria que voava em liberdade total de grooves, viradas e solos feitos por Justin Tyson.
Dois momentos marcaram mudanças no meio do show. Um deles foi quando o DJ Jahi Sundace, saiu do palco e o trio tocou temas mais jazzísticos e com mudanças de improvisos e climas muito grandes.
No segundo momento, toda a banda sai do palco e somente o contrabaixista Burniss Travis fica. Fazendo um momento solo de contrabaixo que foi sublime. Somente com o contrabaixo, Burniss conseguiu trazer uma atmosfera flutuante para o público. No final do solo de Burniss, Robert Glasper passou atrás dele e fez com os braços um sinal de que estava voando, tamanho o clima que o solo transmitiu. Toda a plateia achou engraçado. Nesse momento, sem que o solo parasse a banda completa, inclusive com o DJ Jahi, retorna ao palco e o show continua, entrando no meio do solo de contrabaixo. Burniss começa a tocar uma linha de baixo cheia de Groove e a banda entra em um novo clima. Nesse momento, músicas cantadas e uma atmosfera mais Pop tomaram conta do teatro. O DJ Jahi fez a festa nesse momento, a vibração era de muito Groove. Entre climas e solos de teclado, ele soltou samplers em inglês e português e a plateia foi ao delírio. O show termina com Robert Glasper agradecendo a todos e todas presentes e com o público tendo a sensação de sair de “alma lavada”, do Teatro Municipal.
Na saída, toda a banda foi cumprimentar os fãs que esperavam por fotos e autógrafos. Dentre tantas pessoas ali presentes, víamos muitos nomes importantes na nossa música e nas artes em geral. Todos em um clima de elevação e felicidade pós show.
Como se não bastassem as emoções do show, terminamos a noite na Lapa em uma roda de samba muito legal que reunia compositores. Estavamos lá com grandes amigos, amigas e Robert Glasper com toda a sua banda e equipe. Todos em um clima de troca de idéias, descontração e Paz.
Que show, que noite!