Com a volta gradativa da produção cultural no Rio de Janeiro, os agentes culturais de todos os setores vêm se movimentando, o que não é diferente para os DJs e produtores de eventos.
Lesada pela pandemia, toda a classe artística focada nesse setor precisou interromper suas atividades e aos poucos esse cenário vem mudando, como é o caso do Baile do Tio Will.
A festa, que nasceu com organizadores da baixada fluminense, movimenta o comércio local por onde passa, além de apostar em novos artistas, interligando uma curadoria bem feita com o que há de mais novo na cena.
Criamos essa pauta a fim de acelerar os produtores de evento que já estão na cena e os mais novos, como uma forma de mostrar para vocês como os agentes culturais estão agindo nesse retorno.
Como surgiu o baile do Tio Will e quem são os organizadores?
O Baile surgiu em 2017, ele é uma criação minha (Diaz) e Gabriel Mse com a ideia de fazer um baile que mistura o Rap e o Funk, duas referências de musicalidade preta que são manifestações culturais que surgiram na favela e são fortes no Rio de Janeiro .

O nome surgiu da série “Um Maluco no Pedaço” que mostrava a realidade de um jovem negro periférico em diferentes ambientes e serviu de referência para vários jovens nos anos 2000 aqui no Brasil.
Quais os maiores desafios de executar o baile do Tio Will antes e durante a pandemia?
Na pandemia o único caminho foi estudar e planejar algo maior. Nosso baile sempre foi essa válvula de escape pros amigos que trampam terem a oportunidade de curtir um lazer.
Desde o começo na Rua do Ouvidor na Praça XV e no Arco do Teles a gente via todo mundo sair do trabalho e consumir o que a gente colocava na rua, já que a maioria dessas pessoas morava na Zona Norte ou na Baixada e o baile era uma forma de unir essa rapaziada, quando a gente viu tava criando uma cena. A maior dificuldade foi ficar esse período da pandemia sem fazer a festa.
Quais as edições do baile que foram mais satisfatórias para equipe?
As três últimas edições foram umas das mais especiais por ter o público sedento por música ao vivo e artistas que cresceram no meio de uma pandemia.
Fizemos o show da Slipmami para quase 2 mil pessoas, acho que foi meio assustador pra ela já que mesmo a equipe dela sabendo que o público dela na internet estava crescendo, ver todo mundo cantando junto foi algo muito satisfatório. Outra edição marcante foi o show da NINA e da Mc Naninha, esse foi épico.
Duas artistas da mesma vivência de subúrbio mas com estilos musicais diferentes e com o mesmo público, que se interliga.
O que esperar do show do MAJOR RD?
O RD é um cara bem talentoso, um MC que tá mó tempão nas batalhas. Cheguei a trabalhar com ele na pandemia, gravamos umas paradas em um projeto e acho que o momento dele na cena nacional chegou. Ele é mais um artista que teve um crescimento absurdo meio a pandemia e vai fazer muito sucesso com seu novo disco.
Quais os parceiros do Baile do Tio Will?
Estamos trabalhando em parceria com o @quartinholab um coletivo muito importante de música, arte e cultura preta LGBTQIA+ que tem o DJ Wallace Custódio como fundador.
O que esperar do baile para 2022?
Fechando esse ano, temos um projeto maior, que vai englobar outras Regiões do Rio de Janeiro, fechar esse ano com chave de ouro é o primeiro passo.
Quer deixar um salve?
Queria mandar um salve pra as Djs pretas que nessa retomada voltaram mais fortes e é sempre bom ressaltar: a DJ Germânia, a Joyce Tigre, a Sô Lyma, a Jacquelone, a Laryhill e várias outras são artistas pretas independentes além de parceiras do baile do tio Will também precisam ser mais valorizadas por outros eventos da cena. A gente vê várias festas e festivais que fazem vista grossa e não dão oportunidade para as minas se destacarem.
No dia 12 de novembro o Baile do Tio Will convida Major RD para fazer o lançamento do seu projeto mais recente Troféu e você pode conferir mais detalhes aqui: