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Betty Davis, a Rainha do Funk que revolucionou o Pop
Foto: Robert Brenner

Betty Davis, a Rainha do Funk que revolucionou o Pop

A generalidade de muitos artistas é reconhecida somente depois que partem. Isso é recorrente, e agora se repete com Betty Davis, que faleceu aos 77 anos no dia 09/02/22. Antes de ser conhecida apenas como uma das ex-esposas de Miles Davis, Betty Mabry já estava conquistando seu espaço. Aos 16 anos saiu de Pittsburgh para estudar no Fashion Institute of Technology, em Nova York, onde deu seus primeiros passos como modelo. Apesar do amor pela moda, decidiu abandonar a carreira e se dedicar totalmente à música.

Uma das primeiras canções composta e interpretada por ela foi o single “Get Ready For Betty”, de 1964, produzida por Don Costa, com arranjos de Teddy Randazzo. Após essa, outras composições de sua autoria (como o tributo ao Harlem “Uptown”) foram gravadas pelos Chambers Brothers, tornando-se determinantes para a entrada deles na Motown. Essa presença no ambiente musical, a fez se aproximar de Sly Stone, Hugh Masekela e Jimi Hendrix. A amizade com o último contribuiu para o fim do conturbado, ciumento e violento casamento com Miles. 

Antes de abandonar o relacionamento de quase 1 ano, Betty ajudou a elevar a arte do trompetista. Sem a influência do funk e do rock apresentados pela companheira, provavelmente Davis não teria produzido os revolucionários do jazz fusion “Bitches Brew” (1970) e “On the Corner” (1972). Não por acaso, o jazzista afirmou que Betty Davis era “Madonna antes de Madonna, Prince antes de Prince”. Os dois chegaram a gravar algumas demos, mas (por não serem aceitas pelas gravadoras) foram engavetadas. Fora a introdução a um outro universo musical, ela também foi primordial na mudança do estilo visual dele, que trocou o corriqueiro traje social por roupas mais “descoladas” e coloridas. Ela também tem sua foto estampada na capa de “Filles de Kilimanjaro”(1968).

Mesmo tendo conexão artística, o casamento não vingou. Deixá-lo ajudou Betty Davis se libertar totalmente. Nos anos seguintes, alavancou a carreira solo. Não ganhou a popularidade mercadológica que imaginava – conseguiu emplacar apenas dois singles na parada Hot R&B/Hip-Hop Songs da Billboard:  “If I’m In Luck I Might Get Picked Up” (1973) e “Shut Off” (1975) -, porém, fez três álbuns que ditaram as regras da música pop que veio na sequência. Contudo, “Betty Davis (1973), They Say I’m Different (1974) e Nasty Gal (1975) não tiveram o reconhecimento merecido. Músicas foram banidas das programações das rádios, e as vendas não evoluíram.

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“Betty Davis era uma mulher que estava à frente do seu tempo e as suas músicas só seriam descobertas por um novo tipo de fã décadas depois, mas é inegável que ela foi uma das primeiras a abrir caminho para que artistas expressassem a sua sexualidade na música. Ela é peça fundamental da década de 1970 e antecedeu o movimento que estava por vir nas décadas seguintes”, escreve Tânia Seles, artista visual, pesquisadora e editora do Sopa Alternativa, na série de artigos sobre as Mulheres Negras do Rock. 

Pela vanguarda, e por não se curvar às imposições da indústria do entretenimento, a artista viu seu trabalho ser desvalorizado – o conhecido apagamento que acontece principalmente com mulheres independentes que fogem dos padrões. Com uma voz sensual, às vezes raivosa, e sempre marcante, Betty cantou sobre a liberdade sexual feminina. O que cantava também refletia na forma provocativa de se vestir (usando cabelo Black Power, biquinis brilhantes e botas plataforma), e nas performances explosivas que hipnotizavam o público. Mas decidiu sair dos holofotes sem falar os motivos para ninguém, inclusive para os membros da sua banda Funkhaus, após o seu contrato não ser renovado pela Island Records em 1975.

Nos últimos 40 anos de vida, a coroada Rainha do Funk permaneceu fora de cena. Viveu no anonimato em Pittsburgh. Só retornou em 2017 para “participar” do documentário “Betty: They Say I’m Different”. Contribuiu com histórias, mas não apareceu nas câmeras. Ao Ramiro Zwetsch, o diretor do filme Phil Cox – que levou dois anos para convencer Betty a aceitar que a produção fosse realizada – disse à TPM que “a indústria da música a rejeitou quando ela se recusou a mudar sua aparência e estilo”. 

“A morte do pai causou um abismo emocional que levou décadas para cicatrizar. Uma batalha contra uma doença mental surgiu simultaneamente com os problemas na justiça com Miles Davis e uma depressão pelo fato de não ser reconhecida por sua contribuição musical”, disse. “Ela se recolheu. Todas essas coisas se somaram a uma viagem ao Japão em que Betty teve uma experiência espiritual no topo do Monte Fuji e, a partir daí, decidiu se afastar da música”.

Assim como muitas outras mulheres negras que ajudaram a sedimentar o que conhecemos como música pop, a obra e a vida de Betty Davis será celebrada (conhecida e reconhecida) com a sua partida. É provável que as últimas palavras dela dirigidas ao público foram ditas por Erykah Badu em 2018 na estreia do doc em Nova York. A carta que escreveu, dizia: “minha vida às vezes é misteriosa, até para mim, mas estou com todos vocês em vibrações e espírito. Espero que gostem do filme. É algo profundo e pessoal para mim, fico feliz em compartilhar tudo com você. Eu envio todas as boas vibrações e também amor. Amor puro e bom que todos nós precisamos e devemos abraçar”.

https://youtu.be/M4HYfDDd_lA

Fontes consultadas: RolingStone | The New Yorker

Foto: Robert Brenner

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