Provocar. Essa é uma missão que o Barroso Eus assumiu. A incursão no campo de batalha começou com o poético, excêntrico, multifacetado, distópico, realista e alucinógeno álbum “Vendo Sonhos”. Como se estivesse em cima do tablado de um teatro, ele encena, canta, declama.
Nos quatro atos inspirados pelo clássico de João Cabral de Melo Neto, “Morte e Vida Severina”, ele aborda questões relacionadas ao amor, relacionamentos, racismo, LGBTfobia e as incontáveis problemáticas que permeiam o cotidiano dos brasileiros. É didático. E possui na sua estrutura uma diversidade musical que te leva para diferentes viagens.
Essa primeira investida no território inimigo é complementada com a arte visual do projeto “Sonhos na Pele”, feito em parceria com a artista plástica Louise Helène e o fotógrafo Cleber Corrêa. A união de três artistas de diferentes categorias, maximiza a potência de cada um deles.

“Na narrativa em que vivemos, é necessário despertar também o gatilho da esperança, da fé e do amor. É mais uma maneira de seguir falando de encontros possíveis entre corpos e mundos, somando pra ser uma coisa só”, diz Barroso.
Para efetivar o propósito, quatro obras selecionadas foram reproduzidas na pele de Barroso pelas mãos de Louise, e registradas por Cleber: Babel, de Adébayo Bolaji; um Sem Título, de Nenê Surreal; Amor Livre, da Thainá Duarte; e Cristalino, do Santo. “Escolhi as obras que mais me atravessaram, que mais conversaram com as sensações que eu tenho no disco. O resultado final representa a possibilidade do encontro de cores e mundos num mesmo espaço”.
Evidentemente, o desfecho é impactante. O rosto de Eus se tornou uma “tela viva” que, consequentemente, está em movimento. Apesar de estática, a mesma pintura possui várias expressões. Todas impressionam pelo realismo. Pelo olhar, o sentimento é transmitido. São múltiplas sensações, que podem ser ainda mais amplificadas além do digital. Ir para espaços físicos e se conectar com as pessoas (olho no olho) se torna mais que essencial.
“Uma pessoa pintada vai muito além de reproduzir uma obra, porque pessoas têm histórias, trajetórias, expressões”, observa Louise. “O projeto é como se fosse uma performance fotografada: a obra está viva na minha frente e à medida que vou pintando o quadro, enxergo algo completamente novo”.
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