Warning: include(): open_basedir restriction in effect. File(/109185) is not within the allowed path(s): (/home/aurculture/:/tmp:/opt/remi/php74/root/usr/share:/usr/local/php/7.4/lib/php:/usr/share:/etc/pki/tls/certs:./:/dev/urandom) in /home/aurculture/www/wp-includes/class-wp.php on line 786

Warning: include(/109185): failed to open stream: Operation not permitted in /home/aurculture/www/wp-includes/class-wp.php on line 786

Warning: include(): Failed opening '/109185' for inclusion (include_path='.:/opt/remi/php74/root/usr/share/pear:/opt/remi/php74/root/usr/share/php:/usr/share/pear:/usr/share/php') in /home/aurculture/www/wp-includes/class-wp.php on line 786
Witzel ignora problemas estruturais e o genocídio segue | AUR,

Witzel ignora problemas estruturais e o genocídio segue

O Fantástico divulgou na noite de domingo (15) um relatório assustador. Somando 15 estados do Brasil, a média de policiais afastados por problemas psiquiátricos é de 43 ao dia. Quarenta e três agentes de segurança perdem suas funções porque estão com ansiedade, síndrome do pânico e depressão, por exemplo. No Rio de Janeiro, a média é de 800 afastamentos a cada 10 mil PMs. No setor privado, a média é de 20 afastamentos a cada 100 mil. Um dado escandaloso, principalmente quando observamos que os policiais e seus alvos têm predominantemente a mesma cor: negra. Quem os manda matar, não.

“PM de Witzel acredita que mortes como de Agatha são “efeito colateral” e ignora problemas estruturais”

Cabe aqui abrir parênteses para explicar que esta reflexão não pretende, em instância alguma, isentar policiais de suas responsabilidades diante do aumento absurdo de mortes “decorrentes de intervenção policial”. A família da Ágatha, no Alemão, que o diga: há sadismo por baixo da farda, também. Como esse sadismo foi alimentado e desenvolvido por este mesmo sistema, fica para uma próxima. Mas o ponto é: de um lado ou de outro, quem lucra com essa morte, em vida ou literal, é uma galera na qual não estamos incluídos.

 

_ -

 

O capitalismo e o plano de poder em curso no país se excitam ao ver um dado como o do Fantástico. O racismo à brasileira funciona bem, muito bem, aliás, porque opera também nas frestas. Os alvos podem pensar que estão em lados opostos, mas não: se você é assalariado, preto e pobre, o alvo é você também. De farda ou não. Se o racismo não mata à bala, ele deixa outro preto com problemas psiquiátricos porque não conseguiu fazê-lo. Um a menos na engrenagem, a preocupação é zero.

 

Os relatos da matéria do Fantástico são chocantes, porque mostram que a corporação não dá a mínima. Policiais militares em privação do sono e com depressão, tendo alucinações com um fuzil de guerra na mão. Qual o resultado dessa equação simples? É assim que meninos de 10 anos são fuzilados na porta de casa, crianças de 8 anos são assassinadas dentro de uma kombi, adolescentes de 14 anos são mortos a caminho da escola e idosos morrem sentados no sofá. Homens pilhados saem em busca de um alvo, um inimigo, têm alucinações e, depressivos, não conseguem trabalhar com inteligência.

 

Por que a Polícia Militar não foca em resolver a questão? A contra-pergunta é: O que ela ganharia com isto? Policiais saudáveis questionam, pensam, se recusam. Policiais doentes estão imersos na lógica de matar ou morrer, e matar é ótimo para inglês ver. Quando você vive em “guerra”, vale tudo. Por isso o discurso de “guerra às drogas” é tão potente entre os parlamentares, por exemplo. 

 

Enquanto houver guerra, há aval para dizimar pretos, sempre sob o pretexto de “efeito colateral em prol do bem maior”.

 

Na guerra que está rolando, principalmente no Rio de Janeiro, o nós contra eles não é PMs versus traficantes. É poderosos versus não-poderosos. Estamos nos matando para garantir aos poderosos a manutenção do sistema que os enriquece. O traficante é um varejista e o policial é um peão; fizeram ele acreditar que era fundamental quando, na verdade, é uma peça descartável.

 

Ao fim da reportagem exibida pelo Fantástico, o comentário que ouvi foi: “eles estão implorando por socorro”. E estão mesmo. Os policiais militares do Brasil e do Rio de Janeiro estão desesperados para ter uma condição de trabalho que não os adoeça, uma condição de trabalho que não os torne depressivos. E quem deveria cuidar disso, não se importa. Eu vou bater nessa tecla muitas vezes: as corporações não se importam com policiais militares com transtorno psiquiátricos. Não se importam porque significa mais pretos mortos, independentemente de suas idades. Quanto menos, melhor.

 

Quando discutimos a necessidade de desmilitarizar a polícia não é para que seja eliminado qualquer policiamento. É para que ele seja inteligente, civil, longe da lógica de guerra. Porque na guerra, sempre tem de ter um inimigo. E mentiram pra você que o inimigo é o traficante com um pó de 5 na mão. O inimigo de verdade é quem criou essa engrenagem e jogou a gente dentro dela. Por isso eles fazem de tudo para você não enxergar a realidade.

 

“O exército subindo pra matar dentro da favela / Mas a cocaína vem da fazenda dos senadores / De Pedro Cabral a Sérgio Cabral / Gente, vocês deram Red Bull à cobra / Construindo mudanças substanciais / Pedreiro da cena sem te cobrar nem mão de obra”

 

*Coluna da Lola Ferreira

Zeen is a next generation WordPress theme. It’s powerful, beautifully designed and comes with everything you need to engage your visitors and increase conversions.

Top 3 Stories